quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Herdade do Pinheirinho

É sobre estas dunas que vão ser construídos dois mega-empreendimentos turísticos - um dos quais a Herdade do Pinheirinho - que vão albergar umas 10 000 camas na zona de Melides. O Ministro da Economia, na apresentação do projecto (que ganhou estatuto de "interesse público"!), disse esperar que estes empreendimentos não impliquem a 'Algarvização' (ou melhor, 'Quarteirização', porque, milagrosamente, o Algarve ainda tem alguns poucos locais a salvo - até quando? - da fúria do betão...) do litoral Alentejano. Pois, é melhor ir esperando sentado... abre-se o precedente e depois manifesta-se, pudicamente, o desejo que a caixa de Pandora se feche calmamente. Esta é uma zona que conheço bem. O apregoado 'sub-desenvolvimento' da zona, que se comparado com a forma com que o dito 'desenvolvimento' transformou o Algarve se poderia apelidar de desenvolvimento sustentável, manteve paisagens litorais com um pureza dificil de encontrar noutras zonas de Portugal. Ainda por cima, a zona não vai aguentar o impacto (ambiental, social, etc.) de uma população flutuante de cerca de 10000 pessoas. Por outro lado, vai criar 'guetos' condomínios fechados de turistas 'ricos' que o único contacto que vão ter com as populações locais irá ser quando pedirem mais uma Marguerita num dos muitos bares dos empreendimentos. É claro que as populações locais, vítimas do esquecimento social a todos os níveis por parte do Estado, vão aceitar de bom-grado serem exploradas como a mão-de-obra barata cuja dimensão em que será criada enche a boca de Ministros e quejandos. Depois o português médio será totalmente afastado do usufruto das magníficas praias, mesmo que digam que isso não vai acontecer e que haverá parques de estacionamento - pagos - afastados das praias com transportes amigos do ambiente - no fundo, a grande preocupação 'ecologista' dos promotores e que farão as delícias dos Telejornais. Na praia da Comporta, que recentemente recebeu este tipo de upgrade e é agora poiso regular de colunáveis e ministriáveis, já me sucedeu terem recusado servirem-me em dois bares/restaurantes distintos...

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta é uma triste notícia para a costa Alentejana e para o Planeta!

Raros são já os lugares onde podemos estar em contacto com a natureza em estado puro...aliás, acho que esses lugares,a médio prazo, tornar-se-ão nos mais procurados a nível turistico, de tão raros que são!

Já basta a multiplicação dos Centros Comerciais que tornaram os locais de comercio sítios desinteressantes, sem lugar para a criatividade, o diferente e a diversidade...não precisamos de transformar, também, os locais turisticos virgens em abrigos de empreendimentos de betão que mais não servem para encher os bolsos de meia duzia de casacos...

Não dizem que o Sol quando nasce, nasce para todos!!